Qualquer indivíduo que já tenha participado de uma aula de
ciências no terceiro ano está ciente de que existem três formas básicas da
matéria: sólida, líquida e gasosa. Agora, a Microsoft afirma ter desenvolvido
uma nova forma de matéria em sua busca para criar uma poderosa máquina, chamada
de computador quântico, que poderá acelerar o progresso em várias áreas, desde
baterias a medicamentos e inteligência artificial.
Em 19 de fevereiro de 2025, pesquisadores da Microsoft
revelaram ter criado o que designam como “qubit topológico”, fundamentado nessa
nova fase do universo físico, que poderia ser utilizado para solucionar
questões matemáticas, científicas e tecnológicas. Um qubit é uma unidade de
informação quântica, ou "quantum bit."
Com esse avanço, a Microsoft está aumentando as expectativas
em relação ao que pode se tornar a próxima grande competição tecnológica, além
da atual corrida em inteligência artificial. Desde a década de 1980, os
cientistas visam alcançar o sonho de um computador quântico — um aparelho capaz
de investigar o comportamento extraordinário e extremamente potente de
partículas subatômicas ou objetos em condições de temperatura muito baixas.
O entusiasmo cresceu em dezembro, quando a Google apresentou
um computador quântico em fase de testes que levou apenas cinco minutos para
realizar um cálculo que a maioria dos supercomputadores levaria 10 septilhões
de anos para resolver — um tempo maior do que a própria idade do universo
conhecendo.
A tecnologia quântica desenvolvida pela Microsoft tem
potencial para superar as abordagens que estão sendo trabalhadas pelo Google.
No âmbito de suas pesquisas, a empresa criou vários qubits topológicos em um
novo tipo de chip, que combina as qualidades dos semicondutores que alimentam
os computadores convencionais com os supercondutores frequentemente utilizados
na fabricação de máquinas quânticas.
Quando essa unidade é resfriada a temperaturas extremamente
baixas, ela apresenta comportamentos extraordinários e poderosos, que, de
acordo com a Microsoft, permitirão a resolução de questões tecnológicas,
matemáticas e científicas que as máquinas tradicionais não conseguiriam
resolver.
Chamado Majorana 1, o chip é pequeno o suficiente para
caber na palma da mão, conforme relato de Satya Nadella, o CEO da Microsoft.
Sua estrutura suporta até 1 milhão de qubits, que são as unidades de informação
quântica. O nome Majorana é uma homenagem a Ettore Majorana, o físico italiano
que teorizou sua existência em 1937.
A empresa afirma que sua tecnologia é menos suscetível a
instabilidades em comparação com outras tecnologias quânticas, o que facilita a
exploração de seu potencial.
Há quem questione se a Microsoft realmente atingiu esse
objetivo, e muitos estudiosos respeitados pensam que os computadores quânticos
não se concretizarão por muitos anos. Entretanto, os pesquisadores da Microsoft
afirmam que suas abordagens os permitirão atingir essa meta de forma mais
célere.
“Consideramos isso algo que está a poucos anos de distância,
e não em várias décadas”, afirmou Chetan Nayak, um pesquisador técnico da
Microsoft que supervisiona a equipe que desenvolve a tecnologia.
A inovação da Microsoft, que foi apresentada em um estudo
publicado na revista científica Nature, revitaliza uma competição que tem o
potencial de transformar o cenário tecnológico. Além de impulsionar avanços em
múltiplas áreas tecnológicas e científicas, um computador quântico poderia ter
a capacidade de violar a criptografia que protege informações confidenciais de
governos.
Quaisquer progressos nesta área podem ter repercussões
geopolíticas. Enquanto os Estados Unidos se dedicam à computação quântica
principalmente através de companhias como a Microsoft e uma série de novas
empresas, o governo da China revelou um investimento de 15,2 bilhões de dólares
nessa tecnologia. A União Europeia alocou 7,2 bilhões de dólares.
A computação quântica, que se fundamenta em anos de
investigação sobre um campo da física chamado mecânica quântica, ainda é uma
tecnologia em fase experimental. Contudo, após recentes desenvolvimentos da
Microsoft, do Google e de outras instituições, os pesquisadores estão otimistas
de que a tecnologia irá, em última análise, realizar suas promessas.
“A computação quântica representa uma perspectiva fascinante
para a física e para o mundo”, comentou Frank Wilczek, físico teórico do
Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). As informações são do jornal
The New York Times.
Comentários
Postar um comentário